Evolution of Poverty and Well-being in Mozambique (in Portuguese)
Em 1990, Moçambique era um dos mais pobres países do mundo, com uma pobreza estimada em 80% da sua população total. Depois da “guerra da desestabilização” em 1992 e particularmente desde o início do novo milénio, Moçambique usufruiu de um crescimento mais forte e estabilidade. No entanto, entre 2002/03 e 2008/09 o processo de redução de pobreza estagnou. Entre 2008/09 e 2014/15, a economia moçambicana continuou a crescer, como antes, a um ritmo estável. Baseando a nossa análise nos dados mais recentes do Inquérito aos Agregados Familiares 2014/15 (IOF 2014/15), apresentamos uma análise abrangente de pobreza e bem-estar. Os resultados deste último inquérito são comparados com os obtidos nos inquéritos anteriores (2008/09, 2002/03 e 1996/97).
Analisamos pobreza e bem-estar através de várias perspectivas e utilizando duas abordagens principais: a primeira abordagem está focada no consumo; a segunda abordagem principal baseia-se em métodos multidimensionais para avaliar a pobreza e o bem-estar. Em todas as abordagens, emerge uma história coerente. A nível nacional, encontramos que os níveis de bem-estar melhoraram em comparação com o inquérito anterior realizado em 2008/09, e que a pobreza de consumo baixou de mais de cinco pontos percentuais comparado com 2008/09.
Os ganhos não contribuíram, no entanto, para uma convergência nos níveis de bem-estar entre zonas rurais e urbana ou entre as diferentes regiões geográficas. Diferenças muito substanciais nos níveis de bem-estar ainda persistem. O fosso entre zonas rurais e urbanas é largo e, na melhor hipótese, persistente (senão a agravar-se). As condições de vida no sul são muito melhores do que as observadas no norte e centro, para quase todas as dimensões de bem-estar consideradas e para todos os métodos. Acresce que a desigualdade de consumo tem vindo a crescer desde 1996/97. Esta atingiu um novo máximo no período mais recente. Uma perspectiva regional mostra que a redução de pobreza foi rápida nas províncias do sul. As reduções foram significativas, mas mais lentas no centro; contudo, a média nacional surge contrabalançada por um aumento da pobreza no norte.
Essencialmente, todas as principais tendências identificadas na análise da pobreza de consumo estão também reflectidas nas análises multidimensionais. Os resultados da análise de pobreza multidimensional apontam para fortes ganhos na comparação com 2008/09 e muito fortes na comparação com 1996/97.